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Vannevar Bush (1890-1974)

Combatente da Guerra Fria, pioneiro do Hipertexto.

«Engineer of the American Century», foi o título que o seu biógrafo Gregg Zachary lhe deu. Ninguém melhor que ele personificou a intima união entre o «Projecto Internet» e a máquina militar norte-americana na época da chamada Guerra Fria.

Este engenheiro, visionário, inventor e político americano ficou conhecido pelo seu papel no desenvolvimento da bomba atómica, da ARPANET, e da ideia do Memex, um conceito percursor da World Wide Web.

Foi o Santo Padroeiro da supremacia militar americana, o «Patron Saint of American Science» durante a II. Guerra Mundial, o profeta do Manhattan Project (bomba atómica norte-americana) e da atitude global de confrontação militar com os russos, a Guerra Fria.

Vannevar Bush foi uma figura decisiva no desenvolvimento do complexo militar-industrial. Foi um importante responsável pelo financiamento militar da Ciência nos EUA.

Foi um proeminente criador de políticas de incentivo e um intelectual de cariz público. Durante sua carreira pública, Bush foi um propulsor da tecnocracia dos EUA e da centralização de inovações tecnológicas.

A sua influência nas instituições científicas americanas foi enorme. O seu trabalho de lobbyist para criar uma relação entre o governo.

Após se ter licenciado no Tufts College, Bush arranjou emprego como docente de matemática na Clark University; o doutoramento fê-lo no MIT.

National Research Council

Em 1916, um grupo de cientistas patrioteiros formou o National Research Council, cujo principal objectivo era produzir inovações no campo do armamento. Uma das suas tarefas principais era melhorar a detecção dos submarinos.

Em 1935, Bush desenvolve um computador analógico, chamado Differential Analyzer. (detalhes)

Bush também esboçou um aparelho que usava campos magnéticos para detectar submarinos. Em 1937, Bush foi nomeado presidente da Carnegie Institution, que gastava um milhão e meio de dólares por ano em pesquisa científica.

Já influenciava o rumo da pesquisa científica dos Estados Unidos e informalmente aconselhava o governo em assuntos científicos.

Em Junho de 1940 Bush expôs ao presidente Roosevelt o seu plano para mobilizar a pesquisa científica no campo militar. Sugeriu a criação de um National Defense Research Comitee (NDRC), que conjugaria os esforços do governo, dos militares e dos cientistas.

Roosevelt criou o proposto. O NDRC foi financiado por fundos presidenciais de emergência; a seguinte instituição, a OSRD, era financiada pelo Congresso.

Bush tornou-se director do OSRD. No final da II Guerra Mundial, o OSRD liderava a pesquisa científica. Muitas inovações resultaram, no radar, nas tácticas anti-submarino, e em aparelhos para o OSS, o percursor da CIA.

Bush estava também intimamente envolvido no Projecto Manhattan, do qual saiu a primeira bomba nuclear. Bush provou que a tecnologia era a chave para a vitória numa guerra e isto criou uma aura de respeito em torno dos cientistas.

Institucionalizou a relação entre o governo, o sector privado e a comunidade científica. Bush tornou-se um dos responsáveis desta máquina de fundos, e foi o apoio governamental, mais precisamente dos militares, que mais tarde alimentou o nascimento da Internet.

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Fim da Guerra

A II. Grande Guerra durou de 1939 até 1945. No final de 1944, a vitória aliada adivinhava-se como algo de inevitável. Bush tinha agora tempo para vislumbrar o futuro, acreditava na necessidade de apoio permanente à ciência.

Em Março de 1945 Bush escreveu o artigo Science - The Endless Frontier. (texto original). Sublinhava aqui a necessidade de uma politica que apoiasse continuadamente a Pesquisa científica e a Educação, que suportasse organizações sem fins lucrativos que procurassem desenvolver projectos científicos, que alicerçasse o nascimento de novos talentos na área através dos meios académicos e de mecenato.

Isto nunca se concretizou na realidade, mas metade poder-se-á dizer que foi alcançado. A “National Science Foundation” foi criada, mas não correspondeu às expectativas de Bush, mesmo assim o casamento entre a ciência e o governo foi institucionalizado!

As We May Think

Também no ano de 1945 Bush publicou um artigo na revista Atlantic Monthly intitulado As We May Think. Consubstanciava-se neste artigo uma ideia amadurecida durante muitos anos em pedaços esparsos de papel. (As We May Think, texto)

O seu objectivo ao publicar era o de influenciar o pensamento, no que concerne à ciência, do mundo moderno e enfatizar a aplicação da ciência num campo negligenciado. Este campo era o da automação ou exponenciação do pensamento humano! Neste artigo, Bush descreve uma máquina teórica chamada MEMEX.

Era obviamente uma extensão do anterior trabalho de Bush com o Selector Rápido (Rapid Selector). O Memex seria também um aparelho aonde se poderia guardar e abrir documentos utilizando o microfilme. Seria composto por um teclado, botões e alavancas de selecção, e armazenamento de microfilme.

A informação guardada no microfilme poderia rapidamente ser aberta e exposta num ecrã.

Esta máquina serviria como uma extensão da memória humana e das suas associações. Tal como a mente humana forma memórias através de associações, o utilizador do Memex seria capaz de fazer “links” entre documentos.

Bush chamava a estes links rastros associativos:

“The owner of the Memex let us say, is interested in the origin and properties of the bow and arrow. Specifically he is studying why the short Turkish bow was apparently superior to the English long bow in the skirmishes of the Crusades. He has dozens of possibly pertinent books and articles in his Memex. First he runs through an encyclopedia, finds an interesting but sketchy article, leaves it projected.
Next, in a history, he finds another pertinent item, and ties the two together. Thus he goes, building a trail of many items. Occasionally he inserts a comment of his own, either linking it into the main trail or joining it by a side trail to a particular item.
When it becomes evident that the elastic properties of available materials had a great deal to do with the bow, he branches off on a side trail which takes him through textbooks on elasticity and physical constants. He inserts a page of longhand analysis of his own. Thus he builds a trail of his interest through the maze of materials available to him.” (Bush, 15).

O sistema é muito similar ao moderno Hipertexto. de facto, Ted Nelson, que concebeu o termo “hypertext” reconhece a sua dívida para com Bush.

Vannevar Bush morreu em 1974, anos antes da Internet se ter tornado popular. Com o crescente interesse na Internet muitos olham para trás e classificam Bush de visionário, mas também existem os que acham que ele via o presente de maneira diferente. Bush dizia “It is earlier than we think.”

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