Fraktur: a evolução da letra tipográficaComo tipo móvel de chumbo, a Fraktur apareceu pela primeira vez no Livro de Orações (Gebetbuch) composto em 1513 para Maximiliano I um dos mais luxuosos e onerosos livros de todos os tempos.Na elaboração desta versão tipográfica da Fraktur participou toda uma equipa de designers topo de gama da época: o chanceler imperial Vincenz Rockner, o mestre-escritor (Schreibmeister) Johann Neudörffer o Velho, o mestre-calígrafo Leonhard Wagner, o gravador de punções Hyeronimus Andreä, o impressor imperial Hans Schönsperger e Albrecht Dürer. Na ilustração deste Livro de Orações participou a elite, a fina-flor dos artistas da época: os desenhos nas margens foram executados por Albrecht Dürer, Lucas Cranach, Hans Baldung Grien, Hans Buckmayer e Jörg Breu. O resultado: o Livro de Orações é um pináculo da arte do livro alemão. Durante a execução deste livro, Johann Neudörffer colaborou com Dürer no Portal de Honra de Maximiliano (peça gráfica de grande formato, impressa no prelo), escrevendo textos em Fraktur, que foram passados a tipos móveis de madeira pelo gravador de punções Hyeronimus Andreä.
A Corporate Typeface do KaiserA impressionante lista de «designers imperiais» mostra-nos que a Fraktur foi concebida como uma autêntica Corporate Typeface da corte imperial, para servir exclusivamente em aplicações da casa real, para celebrações e documentos da chancelaria do Kaiser, conferindo-lhes uma forma particularmente elegante e digna, senão pomposa. Se bem que as maiúsculas da Fraktur se baseiem na Schwabacher, o seu corte é mais elaborado e vem ornamentado com as características «trombas de elefante». Nas minúsculas da Fraktur, muito altas, finas e condensadas, nota-se a proveniência da Textura. Nesta dualidade, a Fraktur é uma síntese vagamente comparável à outra síntese que foi a Antiqua, que integrou maiúsculas e minúsculas de proveniências distintas.
A princípio, a Fraktur foi usada apenas como «display typeface», mas em breve passou a ser empregue para compor textos de livro. Dos autores que prontamente usaram a Fraktur para os seus livros impressos, destaca-se Albrecht Dürer. Em breve, a elegante letra angariou inúmeros adeptos no espaço cultural germânico (Alemanha e países vizinhos: Países Baixos, Áustria, Boémia, partes da Polónia, regiões da França, Luxemburgo e Suíça), e também na Escandinávia. Na Grã-Bretanha, a Fraktur e as suas primas góticas fizeram carreira sob a designação genérica de blackletter. Nos países de tradição latina, com o advénio da Renascença, impôs-se a Antiqua; a letra fracturada importada pelos prototipógrafos acabou por ser substituída pela romana. Contudo, em França e am outros países latinos persistiu uma tradição de belas fontes caligráficas, quebradas. Veja a obra de Tory:
Nos países de cultura alemã, as posições extremistas de Lutero deram origem a uma forte luta ideológica, apoiada na «letra alemã», na Fraktur. Luta que não ficou confinada ao combate do Protestantismo contra o Papa, mas que rapidamente se estendeu às áreas da Cultura e da Política. Esta polarização atingiu um primeiro auge em 1560, quando Sigmund Feyerabend, prestigiado impressor e livreiro em Frankfurt/Main, mandou imprimir uma Bíblia alemã exclusivamente em Fraktur.
Esta edição marcou a desvinculação da Alemanha da tipografia europeia; uma dissidência que pôs a Fraktur em deliberada oposição à letra romana. Neste ponto, a tipografia bifurcou em duas direcções: a Romana, válida para os países de herança latina, católicos, e a gótica, válida na geografia germânica e protestante. Uma parte da Europa optou pela letra romana e pôs as góticas de parte; na Alemanha em dissi-dência, o cisma tipográfico ficou consumado nos fins do século xvi e perdurou até ao século xx. Importantes obras da cultura alemã tiveram as suas primeiras impressões em Fraktur. Citemos apenas Das Kapital de Karl Marx e Deutschland, ein Wintermarchen, de Heinrich Heine.
Fraktur, hojeHoje, o conceito «Fraktur» é mais difuso, englobando vários significados, em parte antagónicos. No sentido mais restrito, designa o tipo de escritas góticas que foi desenvolvido no princípio do século xvi na Alemanha, conforme descrito. Mas como termo genérico, a espécie «Fraktur» designa todas as letras quebradas dentro do universo tipográfico. Na nomenclatura das normas e padrões da indústria alemã DIN 16518 existe o grupo 10, que contem as Frakturschriften, subdivididas em
Linkswww.typografie.de/verlagsverzeichnis/ Como usar fontes Fraktur?Fontes Fraktur: Manual em inglês, da autoria de Walden Fonts. (ca 800 KB) |
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