Tipo
Homepage tipografos.net   Search by FreeFind

» Ínicio

» As nossas fontes digitais

» Workshops

» Cadernos Tipográficos

» Brasil ¦ » Portugal» Espanha

» Designers

» Tipos

» Como fazer fontes

» Directório de fundições

» Boas Práticas

» História da Tipografia

» Livros históricos

» Magazines

» Jornais

» Tecnologias

» Sistemas de Escrita

» Glossário

» Museus, Bibliotecas

E-BOOKS

LAYOUT, o e-book que ensina a paginar
Alfabetos, o e-book que descreve toda a Tipografia e Caligrafia
Tipos e fontes, o e-book que ensina Typeface Design
Design em Portugal documenta os primeiros cem anos: de 1870 a 1970.
Revistas para Clientes, o e-book sobre o Corporate Publishing

Megalitismo, o e-book sobre a Pé-Historia
Romanos na Península Ibérica, o e-book sobre a Cultura Romana

Jorge Barradas (1894—1971)

Na sua obra gráfica são notórias as influências da Arte Nova e da Art Déco.

O seguinte texto foi compilado a partir de um artigo de Carla Mendes e outro de Álvaro Costa de Matos, coordenador da Hemeroteca Municipal de Lisboa e comissário da exposição Jorge Barradas na Colecção da Hemeroteca – Obra Gráfica

O «Barradinhas», Jorge Nicholson Moore Barradas, nasceu em Lisboa, em 1894, e faleceu em 1971. Frequentou a Escola de Belas-Artes, a partir de 1911, mas não concluiu o curso.

Em 1911, conhece o director da publicação A Sátira, Joaquim Guerreiro, que o leva à Brasileira do Chiado e o introduz no meio artístico lisboeta.

Na primeira exposição do Grupo dos Humoristas Portugueses em 1912, Barradas estreia-se com oito desenhos. Tinha então 17 anos e era o mais novo de todos os expositores. Participava assim numa tentativa da renovação gráfica inspirada nas publicações internacionais.

O crítico da exposição, Nuno Simões, via no seu trabalho um futuro artista da elegância e do romance, com alguma ingenuidade e uma clara tendência para a observação da vida.

Até 1924 fez ilustração, desenho humorístico e publicidade. Colaborou em vários jornais e revistas: ABC, Ilustração, Diário de Lisboa, Contemporânea, Ilustração Portuguesa, O Século Cómico, Atlântida, Magazine Bertrand, O Domingo Ilustrado, Acção, Papagaio Real, Sempre Fixe, entre muitas outras publicações.

JB
Capa para a revista ABC, 1927.
JB
Revista ABC, número 362, ano VII, 23 de Junho de 1927.
Capa de Jorge Barradas
 

Fundou, com Henrique Roldão, o quinzenário O Riso da Vitória, que foi uma brilhante publicação humorística. Foi director artístico do ABC a Rir, dando depois o lugar a Stuart de Carvalhais.

Em 1915 participou na 1.ª Exposição dos Humoristas e Modernistas, realizada no Porto. Em Maio de 1920, a Ilustração Portuguesa já dá conta duma exposição individual de Jorge Barradas, no Automóvel Clube de Portugal, no edifício da Liga Naval em Lisboa.

Nos anos vinte, Lisboa teve um surto de luxuosos night clubs — todos vizinhos, todos diferentes.
Junto do Bristol Club, logo do outro lado da rua, o Club Monumental, no edifício onde hoje está instalada a Casa do Alentejo.
O Maxim's ficava também ao virar da esquina, no Palácio Foz, aos Restauradores. Uma dezena de outros clubs mais, complementava a oferta de diversão nocturna na cidade.
Mas o Bristol era diferente... diferente na publicidade, diferente no design gráfico da publicidade, diferente na decoração modernista do próprio club. Jorge Barradas e Emmérico Nunes produziram as famosas capas promocionais para a revista ABC, em 1927.
Almada Negreiros (1893-1970) e Eduardo Viana (1881-1967) tinham os seus quadros expostos nos salões do club e muitos outros modernistas haviam contribuído para baixos-relevos, esculturas e peças de artes decorativas.
Juntamente com a Brasileira do Chiado, o Bristol Club era o porta-estandarte dos Modernistas na década de 1920.
 

E numa comparação com o grande mestre da caricatura portuguesa, acrescenta: “Se Rafael Bordalo é o artista combativo da Sociedade Portuguesa, irónico e sarcástico sem temor, Barradas é o comentador dos ridículos e o anotador flagrante das visíveis passagens da fauna que a compõe”.

Ainda neste ano, concorre na 3.ª Exposição de Grupo de Humoristas Portugueses, no Salão do Teatro S. Carlos, com Stuart de Carvalhais, Emmérico Nunes, António Soares, Banha e Melo, Leal da Câmara, Cristiano Cruz, Rocha Vieira, Bernardo Marques, Lorenzo Aguirre, Larraga, Rubio, Pedro Aspiri, Vazques Diaz, entre outros, portugueses e espanhóis, numa exposição “a todos os respeitos bem original e curiosa” e que foi “fartamente” visitada, segundo a mesma Ilustração Portuguesa, de 19 de Julho de 1920.

Jorge Barradas expôs ainda em Vigo (1922), e no ano seguinte, no Brasil.

Jorge Barradas tinha um traço original e moderno, cheio de qualidades, de que são exemplo os desenhos que publicou nas primeiras páginas do Diário de Lisboa, do jornal Sempre Fixe ou do quinzenário humorístico O Riso da Vitória, que dirigiu, com os tipos alfacinhas (o mendigo, o ardina, o novo-rico, a burguesinha, a lavadeira) como protagonistas - relação que repetirá nos seus outros domínios artísticos.

JB
Capa desenhada em 1924 para As Mais Lindas Quadras Populares (1925). Esta ilustração foi comum a todas as capas da Collecção Patrícia, publicada nas décadas de 1920 e 1930 pela Empresa do Diário de Notícias.
Para além do desenho de Jorge Barradas na capa, o opúsculo As Mais Lindas Quadras Populares inclui ainda ilustrações de Saavedra Machado (1887-1950), Leal da Câmara (1876-1948), Bernardo Marques (1899-1962) e duas ilustrações de Stuart Carvalhais (1887-1961),

Essa originalidade e modernidade estão igualmente patentes nas capas que fez para a revista ABC, o Magazine Bertrand ou para a Ilustração, com o corpo feminino, e sobretudo o rosto feminino, em lugar de destaque.

Como pintor, a partir dos anos 30, Barradas destacou-se pela facilidade decorativa. Decorou o salão de festas do Pavilhão de Portugal na Exposição Ibero-Americana de Sevilha e colaborou nas decorações dos pavilhões portugueses nas Exposições Colonial e de Artes e Técnica de Paris.

As suas telas de costumes valeram-lhe o título de «Malhoa 1930», dado por Artur Portela. Nos anos 40 e 50, obteve sucesso na cerâmica e na azulejaria – recebeu, em 1949, o “Prémio Sebastião de Almeida”, do SNI; renovou, com Leitão de Barros, o gosto nos cenários de espectáculos populares.

Decorou cafés de Lisboa, como o Portugal (ao Rossio), A Brasileira (Chiado) e deixou ainda uma vasta colecção de litografias sobre assuntos populares.

Links

flickr.com/photos/gatochy/sets/72157611505157037/with/3132358390/

hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/

Bibliografia

António Rodrigues, Jorge Barradas, Lisboa, INCM, 1995

Arte Portuguesa no Tempo de Fernando Pessoa, 1910-1940, Zurique, Stemmle, 1997.

França, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, Bertrand Editora, 1991.

.

Topo páginaTopo página

Quer usar este texto em qualquer trabalho jornalístico, universitário ou científico? Escreva um email a Paulo Heitlinger.
copyright by algarvivo.com