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Emmérico Nunes (1888-1968)

Emmérico Hartwich Nunes, ilustrador notável e um dos pioneiros da banda desenhada e do desenho humorístico em Portugal.

EN

Nascido no seio de uma família burguesa (pai arquitecto, mãe pintora, poetisa…) Emmerico Hartwich Nunes sempre esteve rodeado pelas musas e pela irreverência.

Sabemos que ainda criança se lançou nas primeiras aventuras editoriais caseiras, com o que hoje se poderia apelidar de fanzines, aos quais ele deu por títulos pomposos de “O Paiz”, “Risota”, “Folhas Volantes”… o que testemunha uma consciência satírica de um jovem com 10 anos.

"Aí por volta dos meus 10 anos, comprei um copiógrafo e de colaboração comum dos meus primos, que também tinham jeiteira para o desenho, "editámos" um semanário humorístico.... este meu primo foi para o Rio de Janeiro e eu continuei sozinho com a publicação que enchia com bonecada e prosa exclusivamente da minha autoria." ( Autobiografia).

Em sua casa liam-se os jornais humorísticos da época, razão pela qual ele é desde tenra idade admirador de Raphael Bordallo, e mais ainda de Leal da Câmara e de Celso Hermínio, com quem conviveu na Corja, na Marselheza, e que marcaram o seu pendor satírico.

Emmerico Hartwich Nunes foi, com Leal da Câmara (1876-1948), o único artista português a ter assumido, como caricaturista, contratos a longo prazo na imprensa estrangeira durante a primeira metade do século XX.

E foi também, à parte de Stuart Carvalhais (1887-1961), o único artista português da sua geração a ter prosseguido uma carreira de desenhador humorístico.

O pai acaba por inscrevê-lo na Escola de Belas-Artes de Lisboa onde os mestres são Condeixa e Alberto Nunes.

"Tinha então 17 anos. Concluíra o segundo ano do curso geral e meu pai sempre desconfiado do meu talento, resolveu um dia levar-me ao atelier de mestre Malhoa. Num Domingo de verão enchi uma pasta com tudo que durante os últimos três anos havia desenhado e pintado, pus a minha gravata à Lavalière, que usava então como símbolo da verdadeira Arte..." (in Autobiografia)

Silvestre Nunes decide saber sobre a vocação de seu filho e mostra os seus trabalhos a Malhoa. Malhoa aconselha-o a mandá-lo para Paris.

Em 1906, Emmerico Nunes segue para Paris, com uma carta de apresentação de Jorge Colaço dirigida a Ferdinand Cormon, que fora seu professor nas Beaux Arts.Durante algum tempo frequenta as aulas de Jean Paul Laurens da Académie Julien e acaba na École des Beaux-Arts durante quatro anos. Ao mesmo tempo frequenta as academias particulares de Montparnasse. Executa algumas caricaturas e pinta paisagens.

Em 1910, Emmerico viaja a Inglaterra, Holanda e Bélgica, na companhia de Eduardo Viana, Francisco Smith e Manuel Bentes. Participa depois numa exposição de caricaturas na Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa.

Munique

Em 1911, Emmerico vai para Munique. Estuda na Kunstakademie e frequenta o atelier de Heimann. Dirige-se à editora dos Meggendorfer Blätter com o intuito de vender um álbum para crianças desenhado em Paris. Entra como colaborador efectivo do jornal, com exclusividade até 1916.

Emmerico pratica a sátira de costumes, criando galerias de retratos e de tipos sociais, geralmente pequeno-burgueses e novos-ricos quando se trata do universo urbano. O universo rural, a Baviera ou a Suíça rural, das montanhas, constituem o outro mundo por onde nos passeia o artista, sempre com uma nota de humor ou ironia. E no meio dos dois aparece a criança, em lugar de destaque.

Os desenhos que Emmerico produz para as páginas políticas são de grande qualidade. Depois da guerra, o artista regressa a Portugal, e a sua colaboração com esta revista humorística vai-se espaçando.

Os anos entre 1920 e 1930 são anos de crise nessa Alemanha do pós-guerra. Emmerico ainda tenta uma nova instalação em 1924, mas o clima que se respirava convence-o a não ficar.

Na imprensa portuguesas, deixou obra na Ilustração Portuguesa, Diário de Lisboa, Riso da Vitória, Có-có-ró-Có, ABC a Rir, ABC, ABCzinho, Domingo Ilustrado, Senhor Doutro, Sempre Fixe, Voga, Civilização, Espectro, Ilustração, Magazine Bertrand, Eva, Noticias Ilustrado, Joaninha, Acção.

Neste percurso português, a década de 20 é o seu contributo para o Modernismo português, ousando, sendo irreverente, ao mesmo tempo que impunha uma linha mundana e cosmopolita, cheia de ironia, influenciada pelo trabalho feito na Alemanha.

O período da Acção mostra um traço caligráfico com influencias da estética dominante nos EUA, mas com um cunho pessoal de contrastes entre o claro e escuro e com um tom satírico mais profundo, com um matiz de revolta, de desconsolo com a vida.

Em 1928 foi a homenagem nacional a Malhoa. A revista Vogue organizou, na Sociedade das Belas Artes, o I Salão de Outono de Elegância Feminina e Artes Decorativas. Emmerico iniciou a sua colaboração no semanário infantil suíço Der Spatz. Em 1929, ilustrou os livros da colecção Biblioteca dos Pequeninos, que era editada pela Empresa Nacional de Publicidade. A editora J.F. Schreiber de Munique adquiriu o Fliegende Blatter e Emmerico Nunes começou a sua colaboração. Entre 1930 e 1931, o artista adoeceu. Foi despedido da Vacuum e sobreviveu vendendo retratos a óleo.

Acabou por arranjar emprego na secção de publicidade da Companhia Industrial de Portugal e Colónias. Colaborou com o Zuricher Ilustrierte Zeitung de Zurique e participou nos salões anuais da Sociedade de Belas Artes.

Em 1935 foi para Haia, onde colaborou no jornal Haagscher Courant durante dois meses e voltou de novo a entrar ao serviço da empresa Vacuum. De manhã trabalhava na Portugal e Colónias, à tarde na Vacuum e à noite desenhava para O Senhor Doutor. Aos domingos pintava.

Em 1937, Emmerico Nunes integrava a equipa de decoração do Pavilhão Português na Exposição Universal de França. Em 1939 colaborou também para o pavilhão nacional, na Feira Internacional de Nova Iorque. Ainda numa fase de exposições, em 1940, participou na Exposição do Mundo Português.

Colaborou no semanário Acção mas queixava-se de que Portugal não possuía um único jornal humorístico. Continuou a dedicar-se à pintura e ao retrato e durante toda uma década ilustrou livros para adultos e crianças.

Em 1941 estava a trabalhar como litógrafo na Portugal e Colónias e vai participando em exposições do SPN e da SNBA. Em 1946, faleceu a mãe do artista (o pai virá a morrer em 1952). Em 1951, Emmerico Nunes era professor de desenho dos filhos do conde de Paris. A Agência Geral do Ultramar encarregou-o da realização do Pavilhão do Ultramar para a Feira Popular de Lisboa. No mesmo ano, organizou a exposição de Arte Sacra Missionária em Lisboa (no claustro do Mosteiro dos Jerónimos) e Pio XII agraciou-o com a comenda da Ordem de S. Silvestre. Em 1952, executou trabalhos de restauro nas Oficinas do Museu Nacional de Arte Antiga. Expôs na 1.ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (criada em 1956) com o óleo Brooklyn.

Links

A Hemeroteca Municipal de Lisboa (HML) organiza um conjunto de iniciativas à volta da obra gráfica de Emmérico Nunes (EN), a partir da sua colecção de jornais, revistas e magazines.

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