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Claude Garamond (Paris, 1490 - 1561)

Claude Garamond

Garamond disse de si próprio que já com a idade de 15 anos tinha gravado um jogo de punções. Em 1510 começou a sua aprendizagem na oficina de ¬ Antoine Augereau, gravador de punções, tipógrafo e impressor em Paris.

Na primeira metade do século XVI, muitos impressores integravam já todas as etapas da elaboração de um livro — desde o desenho gráfico até à encadernação e à comercialização. (Se bem que os livreiros tivessem já adquirido o estatuto de grandes capitalistas).

Claude Garamond foi o primeiro que se especializou no desenho e na gravura de punções para tipos móveis, como serviço prestado a outros impressores, que apenas fundiam os caracteres com as matrizes compradas.

As referências tipográficas de Garamond (ou Garamondius, como ele próprio se chamava) incluíam pioneiros como  Sweynheym e Pannartz,  Erhard Ratdolt, Nicolas Jenson, Henri, Robert e Charles Estienne, Ludovico Vicentino degli Arrighi, Giovanantonio Tagliente e  Giovanbattista Palatino — mestres conhecidos pela sua excelência caligráfica ou tipográfica.

Admirou e copiou os trabalhos do veneziano Aldus Manutius e do seu gravador de punções, o bolonhês Francesco Griffo, insistindo na claridade do desenho, em generosas margens de página, em qualidade da composição, em excelente papel e em cuidada impressão.

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[ Prova dos tipos de Garamond. Folha de specimens de Engeloff-Berner ]

 

A partir de 1550, Claude Garamond gravou os seus punções de letras romanas e refez as suas itálicas, que desenhou segundo os caracteres de Simon de Colines. Jean de Gagny, chanceler da Universidade da Sorbonne, encorajou-o a fazer as suas próprias itálicas.

As primeiras itálicas tipográficas, letras condensadas e pouco inclinadas, de clara inspiração caligráfica, tinham sido desenhadas e gravadas por ¬ Francesco Griffo para as edições de pequeno formato de Aldus Manutiuss.  Simon de Colines adoptou-as em França a partir de 1528, baseando-se nos desenhos publicados por Ludovico Vicentino degli Arrighi.

Depois de um primeiro matrimónio com a filha do fundidor e impressor Pierre Gaultier, Garamond casou-se de novo, com Ysabeau Le Fèvre.

Esta aliança fê-lo proprietário duma casa na nobre Rue Saint Denis. Se bem que Garamond parece ter tido algumas dificuldades em viver apenas do seu mister de gravador de punções, o sucesso dos seus caracteres de imprensa assegurou a prosperidade da sua oficina.

Caracteres gregos, «monuments historiques»

Depois de uma década na qual os tipos de Garamond alcançaram grande aceitação, Garamond fez contrato em 1540 com Pierre Duchâtel, conselheiro do rei François I, acordando fornecer-lhe os punções de três espécies de caracteres gregos, cobrindo o editor Robert Estienne os custos.

O que mais tarde viria a ser conhecido por Grec du Roi foram letras que Garamond criou a partir dos desenhos do célebre calígrafo cretense Angelos Vergetios, «notre écrivain en grec», como o chamava o monarca François I.

Os tipos gregos de Garamond foram utilizados para a edição exclusiva do Alphabetum Græcum publicado por Estienne e para as suas edições gregas publicadas a partir de 1543. Os três jogos de punções originais destes tipos, classificados Monuments historiques, conservam-se hoje na Imprimerie Nationale em Paris.

Em 1545, Garamond também editou, usando obviamente os seus tipos — incluso uma nova cursiva. O primeiro livro que publicou foi a Pia et religiosa Meditatio, de David Chambellan.

A oficina em Paris

A oficina tipográfica de Garamond era pequena. Trabalhava, com já o tinha feito Gutenberg, com alguns aprendizes. A estes não ensinou a sua arte de gravador, mas apenas as técnicas de fundição.

Em 1543, entrou ao seu serviço o filho de um comerciante de Paris; de 1551 a 1555 estava um aprendiz na oficina que era filho de um taberneiro, que tinha vindo a iniciar-se ao «estat de fondeur de lettres». Em 1557, um orfão fez aprendizagem durante cinco anos. Também  Jacques Sabon viria a estagiar no atelier de Garamond.

Garamond morreu provavelmente em 1561.

mg

[ Matrizes de Garamond, no Museu Plantin Moretus ]

 
Bibliografia

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