Tipos de John Baskerville
             
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John Baskerville (1706 — 1775)

Este excêntrico cidadão de Birmingham, abastado comerciante de lacas e vernizes, mestre calígrafo, gravador de letras (stone-carver), impressor e membro da Royal Society of Arts, quis superar as letras de William Caslon, dando-lhes formas mais largas, mais redondas e mais leves.

Slate tablet advertising Baskerville's works showing his skill as a designer of letters:
Lápide de pedra que Baskerville usou para apregoar os seus talentos como desenhador de letras: “Grave Stones / Cut in any of the Hands / By / John Baskervill / Writing-Master. In: Miscellaneous items relating to John Baskerville (1706-1775) from a scrapbook of letters, engravings etc., formed by Samuel Timmins. Birmingham City Archives.
Baskerville
Retrato de John Baskerville (1706-1775), Type Founder and Printer, pintado por James Millar em 1774.
Birmingham Museums and Art Gallery.
 

Contudo, o seu tipo não resultou muito diferente do de Caslon, embora tivesse algo da frescura e da elegância das writing-hands, das esmeradas caligrafias da época.

John Baskerville teimou em superar os aplaudidos typefaces criados por William Caslon I, mas a sua falta de experiência como gravador impediu-o de o conseguir.

Contudo, Baskerville logrou um bom desenho de tipos, cheios de pragmatismo e funcionalidade. Hoje dispomos de toda uma selecção de revivals da sua fonte.

John Baskerville nasceu em 1706 em Sion Hill, Worcester. Por volta de 1723, o hábil pen-man já trabalhava como professor de caligrafia e gravador de lápides. No ano de 1740 iniciou em Birmingham um negócio de lacas e vernizes — empresa que o tornou abastado.

Mas foi só em 1750 que começou a fazer experiências com a fabricação de papel, a elaboração de tintas, a fundição de tipos e a impressão – uma espécie de hobby, que cada vez mais o fascinava (e mais lhe pesava na bolsa).

Em 1754, John Baskerville, já com uns avançados 48 anos de idade, desenhou o seu primeiro tipo, sendo os punções gravados por John Handy, artesão com o qual trabalhou 28 anos.

O livro como obra de arte
Em 1757, Baskerville faz a primeira composição e impressão — Bucolica de Virgílio — a que se seguiram outros clássicos (aqueles que o mereciam, como se expressava Baskerville).

Em 1577, a sua primeira obra impressa, a Bucolica do poeta romano Virgílio, em formato in-quarto, causou sensação na Europa.

Em 1758, Baskerville é nomeado impressor oficial da Universidade de Cambridge, onde publica, em 1763, a sua obra-mestra tipográfica, uma Bíblia in-folio, impressa com os seus próprios tipos, tinta e papel. É pelo menos curioso o facto que o ateu convicto Baskerville imprimiu a mais famosa das edições inglesas da Bíblia.

«High Printing Standards»

Os livros impressos por JB eram caros, obviamente direccionados a um público de élite; mas a qualidade sempre impressionante.

Para alcançar uma tiragem de 1.500 exemplares, Baskerville imprimia 2.000 cópias — para poder seleccionar 1.500 folhas de cor perfeitamente uniforme. Usava os tipos móveis que fundia uma única vez.

Nas suas edições, John Baskerville usava muito poucos elementos decorativos, e esta tendência para uma sóbria elegância influenciou profundamente a evolução do desenho editorial, tanto nas Ilhas Britânicas, como no Continente.

A paginação praticada, essa sim foi radicalmente diferente; Baskerville usava nos seus layouts

  1. espaços entre linhas bem abertos
  2. e páginas com margens extremamente generosas.

Se bem que os seus tipos que desenhou tivessem pouca eloquência visual, Baskerville ultrapassou a ostentosa ornamentação tipográfica que então estava em moda.

Elegeu a simplicidade e sobriedade, tanto na feitura dos seus tipos, como nas suas edições. As páginas de uma elegante sobriedade seguem um layout enfatizando grandes margens brancas.

Em todos os livros sobressai a claridade; nada interfere com o texto, sempre nítido. Esta austera e majestosa sobriedade foi uma importante inspiração para os mestres Didot e Bodoni.

Entre 1757 e 1775, data da sua morte, JB imprimiu mais de cinquenta obras.

Bible Baskerville

John Baskerville faleceu no ano de 1775 em Birmingham; a viúva — Mrs. Sara Eaves — manteve a oficina tipográfica operativa até1777.

Depois vendeu a maioria dos tipos ao dramaturgo Beaumarchais, que os usou para imprimir a sua edição de 70 volumes da obra de Voltaire.

Em 1777, os seus punções, matrizes e prensas são instalados em Kehl, na Alemanha, onde são usados para a impressão da obra completa de Voltaire, editada pela sociedade literária e tipográfica de Beaumarchais.

Depois de 1789, Beaumarchais instalou uma fundição em Paris.

A Gazette Nationale foi impressa, a partir de Novembro de 1790, com tipos de Baskerville e, durante os primeiros anos da Revolução, os seus tipos são usados em muitos outros impressos.

Entre as edições de Baskerville conservadas no British Museum estão as Aesop's Fables (1761), a Bible (1763), e algumas obras de Horácio (1770).

Whatman Paper

JB foi o inventor de alguns aperfeiçoamentos na prensa tipográfica e, em conjunto com o papeleiro James Whatman, introduziu melhoramentos no papel, tornando-o mais liso.

Baskerville foi um perfeicionista radical, sempre obcecado pela qualidade máxima. Imprimia com esmerado cuidado sobre esse Whatman paper. O uso de cilindros de cobre aquecidos para dar um acabado perfeitamente liso às folhas im pressas enquadra-se no seu conceito de excelência e de «impressão perfeita».

Também as tintas de impressão eram misturas originais, elaboradas por ele próprio.

Depoiamento: Whatman paper is considered to be one of the finest English handmade papers of the 18th century. The elder James Whatman began to produce good quality white paper at his famous mill established in Kent around 1740.
Temas relacionados

linkWilliam Caslon

linkZuzana Licko, a fonte Mrs. Eaves

Links

John Baskerville and Benjamin Franklin: A Trans-Atlantic Friendship www.search.revolutionaryplayers.org.uk

Bibliografia

Pardoe, F.E. John Baskerville of Birmingham: Letter-Founder and Printer. London, 1975.

Reed, Talbot Baines; Johnson, A.F. A history of the old English letter foundries; with notes, historical and bibliographical, on the rise and fall of English typography. Dawson. Folkestone, 1974.

Rogers, Bruce. Report on the Typography of the Cambridge University Press. Cambridgeshire: University Printer. Cambridge, 1950. Elaborado em 1917 e impresso por ocasião do 80.º aniversário de Bruce Rogers, em 1950, por Brooke Crutchley.

Straus, Ralph; Dent, Robert K. John Baskerville, a memoir. Cambridge, 1907.

Updike, Daniel Berkeley. Printing Types: Their History, Forms and Use. The Belknap Press of the Harvard University Press. Cambridge, 1927 e 1962. Reimpressão: Dover Publications. New York, 1980. Obra de referência.

William Bennett, John Baskerville, the Birmingham printer, his press, relations and friends (City of Birmingham School of Printing, 1937).

Josiah Henry Benton, John Baskerville, Type-Founder and Printer, 1706-1775 (Privately Printed, 1914).

Stanley Morison, Four Centuries of Fine Printing (Ernest & Benn, 1924).

Ralph Straus & Robert K. Dent, John Baskerville: A Memoir (Chatto & Windus, 1907).

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