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Sebastião Rodrigues (1929 - 1997)Os seus objectos gráficos nasciam da investigação. Na pesquisa e no aprofundamento das raízes da cultura popular portuguesa está uma das inspirações do seu trabalho. Os seus melhores cartazes são, esencialmente, icnográficos. A sua luta com a tipografia e o lettering durou várias décadas, até, finalmente, também conseguir o domínio da componente tipográfica.A Sebastião Rodrigues deve-se a imagem gráfica que teve a Fundação Calouste Gulbenkian. Desde cartazes, desdobráveis, livros, catálogos, etc., muito material publicado pela Gulbenkian foi projectado desde a década de 60 por Rodrigues.
Nascido e criado no Dafundo, Sebastião Rodrigues exerceu o seu ofício em Lisboa. Desde muito cedo aprendeu o ofício com o pai, executando pequenas tarefas gráficas para o serviço de publicidade do jornal A Voz. Em 1945 foi trabalhar para o Atelier de Publicidade Artística (APA) onde veio a conhecer o seu futuro companheiro de trabalho, Manuel Rodrigues, que o acompanhou durante 30 anos. Sebastião Rodrigues trabalhava com todos aqueles que faziam parte do vasto processo de produção gráfica e com todos eles trocava conhecimentos e experiências. Com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian (1959-60), viajou durante meio ano pelo Norte do País para recolher material gráfico de raiz popular. Foi nestas e noutras viagens que fazia com frequência que Sebastião Rodrigues recolheu o material que viria a constituir matéria prima para os seus trabalhos. Na pesquisa e no aprofundamento das raízes da cultura popular portuguesa está uma das chaves da qualidade do seu trabalho. Sebastião Rodrigues era um perfeicionista. O domínio de todo o processo de design, desde a concepção ao produto final era feito com todo o rigor. Combinou as potencialidades da impressão em offset com inspiração de raiz popular e tradicional e ainda com influências tão vastas que vão desde o design americano (Alvin Lustig) ao nacional (Victor Palla). O seu grafismo foi uma das heranças deixadas por Victor Palla. A grande inovação estava na harmonização do lettering utilizado na capa do livro e da ilustração que geralmente estava sempre presente. AlmanaqueAssim, o papel da tipografia passou a ser o de ilustração também. De 1959 a 1961 foi o resposável pelo design gráfico da revista mensal Almanaque. Nesta publicação, da qual eram editores José Cardoso Pires e Figueiredo Magalhães, Sebastião Rodrigues trabalhou em colaboração com diversos artistas contemporâneos, como por exemplo Abel Manta.
Depois da revista Almanaque participou em vários outros projectos com as editoras Sá da Costa e Arcádia (primeiro projecto em 1961) e Editorial Verbo (primeiro projecto em 1979). A imagem gráfica, desde os cartazes, desdobráveis, livros, catálogos, etc., da Fundação Calouste Gulbenkian foi projectada desde a década de 60 por Sebastião Rodrigues. Recebeu vários prémios e menções honrosas ao longo da vida, incluíndo o "Award of Excellence" pelo ICOGRADA (International Council of Graphic Design Associations), em 1991 e a Medalha de "Grande Oficial" da Ordem de Mérito, atribuída pelo Presidente da República, em 1995. Slides de apresentação em aula / ULPSebastião Rodrigues, PDF, ca. 16 MB DepoiamentosHenrique Cayatte sobre Sebastião Rodrigues: «Era um designer de enorme qualidade em qualquer parte do mundo. Foi um autodidacta porque a formação dele não era essa. Era um homem de imensa cultura e mudou completamente o paradigma do design em Portugal. O Sebastião pertenceu à primeira geração dos designers em Portugal». BibliografiaFundação Calouste Gulbenkian, Catálogo da Exposição "Sebastião Rodrigues, Designer", Jul/Set 1995 Sociedade Tipográfica, Catálogo da Exposição "Falando do Ofício", 1986 Página actualizada em 2012 |
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