|
a missão da bauhaus (1919-1933)
Esta famosa escola alemã estabeleceu os conceitos do
design funcionalista e da didáctica desta nova actividade. Nenhuma outra
instituição teve tão forte impacto na arquitectura, no
design e na tipografia do século xx.
 |
Bauhaus Dessau, da esquerda para a direita: Josef Albers,
Hinnerk Scheper, Georg Muche, László Moholy-Nagy, Herbert Bayer,
Joost Schmidt, Walter Gropius, Marcel Breuer, Wassily Kandinsky, Paul Klee,
Lyonel Feininger, Gunta Stölzl e Oskar Schlemmer. |
|
manifesto de walter gropius, 1919 |
|
|
O propósito final de toda a actividade
plástica é a construcção. Adorná-la era,
outrora, a tarefa mais nobre das artes plásticas, componentes
inseparáveis da magna arquitectura.
Hoje estas estão numa situação de
auto-suficiência singular, da qual só se libertarão
através da consciente atuação conjunta e coordenada de
todos os profissionais.
Arquitectos, pintores e escultores devem novamente chegar a
conhecer e compreender a estrutura multiforme da construção
na sua totalidade e nas suas partes; só então as suas
obras estarão outra vez plenas de espírito arquitectónico
que se perdeu na arte de salão.
As antigas Escolas de Arte foram incapazes de criar essa
unidade, e como poderiam, visto ser a arte coisa que não se ensina? Elas
devem voltar a ser oficinas.
Esse mundo de desenhadores e artistas deve, por fim, tornar
a orientar-se para a construção.
Quando o jovem que sente amor pela actividade
plástica começar como antigamente, pela aprendizagem de um
ofício, o "artista" improdutivo não ficará condenado
futuramente ao incompleto exercício da arte, uma vez que sua habilidade
fica conservada para a atividade artesanal, onde pode prestar excelentes
serviços.
Arquitectos, escultores, pintores, todos devemos retornar ao
artesanato, pois não existe "arte profissional". Não há
nenhuma diferença essencial entre artista e artesão, o artista
é uma elevação do artesão, a graça divina,
em raros momentos de luz que estão além de sua vontade, faz
florescer inconscientemente obras de arte, entretanto, a base do "saber fazer"
é indispensável para todo artista.
Aí se encontra a fonte de criação
artística. Formemos, portanto, uma nova corporação de
artesãos, sem a arrogância exclusivista que criava um muro de
orgulho entre artesãos e artistas.
Desejemos, inventemos, criemos juntos a nova
construção do futuro, que enfeixará tudo numa única
forma: arquitetura, escultura e pintura que, feita por milhões de
mãos de artesãos, se alçará um dia aos céus,
como símbolo cristalino de uma nova fé vindoura.
Walter Gropius Weimar, Abril de 1919 |
|
|
manifesto de walter gropius, 1919
The ultimate aim of all creative activity is a building! The
decoration of buildings was once the noblest function of fine arts, and fine
arts were indispensable to great architecture.
Today they exist in complacent isolation, and can only be
rescued by the conscious co-operation and collaboration of all craftsmen.
Architects, painters, and sculptors must once again come to
know and comprehend the composite character of a building, both as an entity
and in terms of its various parts.
Then their work will be filled with that true architectonic
spirit which, as "salon art", it has lost.
The old art schools were unable to produce this unity; and
how, indeed, should they have done so, since art cannot be taught? Schools must
return to the Workshop.
The world of the pattern-designer and applied artist,
consisting only of drawing and painting, must become once again a world in
which things are built.
If the young person who rejoices in creative activity now
begins his career as in the older days by learning a craft, then the
unproductive "artist" will no longer be condemned to inadequate artistry, for
his skills will be preserved for the crafts in which he can achieve great
things.
Architects, painters, sculptors, we must all return to
crafts! For there is no such thing as "professional art". There is no essential
difference between the artist and the craftsman. The artist is an exalted
craftsman. By the grace of Heaven and in rare moments of inspiration which
transcend the will, art may unconsciously blossom from the labour of his hand,
but a base in handicrafts is essential to every artist. It is there that the
original source of creativity lies. Let us therefore create a new guild of
craftsmen without the class-distinctions that raise an arrogant barrier between
craftsmen and artists! Let us desire, conceive, and create the new building of
the future together. It will combine architecture, sculpture, and painting in a
single form, and will one day rise towards the heavens from the hands of a
million workers as the crystalline symbol of a new and coming faith. |
|
|
Walter Gropius Weimar, April 1919 |
|
|
manifest, walter gropius, 1919
Das Endziel aller bildnerischen Tätigkeit ist der Bau!
Ihn zu schmücken war einst die vornehmste Aufgabe der bildenden
Künste, sie waren unablösliche Bestandteile der großen
Baukunst.
Heute stehen sie in selbstgenügsamer Eigenheit, aus der
sie erst wieder erlöst werden können durch bewußtes Mit- und
Ineinanderwirken aller Werkleute untereinander.
Architekten, Maler und Bildhauer müssen die
vielgliedrige Gestalt des Baues in seiner Gesamtheit und in seinen Teilen
wieder kennen und begreifen lernen, dann werden sich von selbst ihre Werke
wieder mit architektonischem Geiste füllen, den sie in der Salonkunst
verloren.
Die alten Kunstschulen vermochten diese Einheit nicht zu
erzeugen, wie sollten sie auch, da Kunst nicht lehrbar ist. Sie müssen
wieder in der Werkstatt aufgehen.
Diese nur zeichnende und malende Welt der Musterzeichner und
Kunstgewerbler muß endlich wieder eine bauende werden.
Wenn der junge Mensch, der Liebe zur bildnerischen
Tätigkeit in sich verspürt, wieder wie einst seine Bahn damit
beginnt, ein Handwerk zu erlernen, so bleibt der unproduktive "Künstler"
künftig nicht mehr zu unvollkommener Kunstübung verdammt, denn seine
Fertigkeit bleibt nun dem Handwerk erhalten, wo er Vortreffliches zu leisten
vermag.
Architekten, Bildhauer, Maler, wir alle müssen zum
Handwerk zurück! Denn es gibt keine "Kunst von Beruf".
Es gibt keinen Wesensunterschied zwischen dem Künstler
und dem Handwerker. Der Künstler ist eine Steigerung des Handwerkers.
Gnade des Himmels läßt in seltenen Lichtmomenten,
die jenseits seines Wollens stehen, unbewußt Kunst aus dem Werk seiner
Hand erblühen, die Grundlage des Werkmäßigen aber ist
unerläßlich für jeden Künstler.
Dort ist der Urquell des schöpferischen Gestaltens.
Bilden wir also eine neue Zunft der Handwerker ohne die klassentrennende
Anmaßung, die eine hochmütige Mauer zwischen Handwerkern und
Künstlern errichten wollte!
Wollen, erdenken, erschaffen wir gemeinsam den neuen Bau der
Zukunft, der alles in einer Gestalt sein wird: Architektur und Plastik und
Malerei, der aus Millionen Händen der Handwerker einst gen Himmel steigen
wird als kristallenes Sinnbild eines neuen kommenden Glaubens. |
|
|
Walter Gropius Weimar, April 1919 |
|
A Bauhaus, escola fundada em 1919 na Alemanha, contribuiu de forma
significativa para a definição do papel do designer.
Implementada com a missão de promover a união entre
a arte e a técnica, apresentou nos seus primeiros anos de funcionamento
uma orientação mais individualista, valorizando a
expressão pessoal do artista na concepção do produto.
Neste período, a escola começou a ocupar-se da
produção de modelos de produtos para a indústria,
consolidando a linguagem estética que caracteriza a Bauhaus até
os dias de hoje, chamada por Maldonado funcionalismo técnico-
formalista. |
|
Foi na Alemanha destruída pela I Guerra Mundial e frente ao
desafio da reconstrução da economia do país, que, em 1919,
o arquitecto Walter Gropius, tomando por base a experiência do Deutscher
Werkbund, retoma, na criação da Bauhaus, a questão do
artesanato e da produção industrial, cuja
padronização, teme-se, poderia vir a aniquilar o talento
artístico individual.
Mais que uma escola, fundou um centro de cultura que tem como
objectivo a integração do ensino à indústria,
superando a oposição entre trabalho manual e intelectual, arte e
artesanato, arte e indústria e funcionando como um laboratório de
idéias em relação à arquitectura, artes
plásticas, artes gráficas e desenho de móveis e objetos
domésticos, procurando conciliar o artesanato e o avanço
tecnológico.
Considerado um aliado da arte e da técnica, o artesanato
é visto com uma função pedagógica, como um
aprendizado pelo fazer, abrindo-se para um programa que prevê o
conhecimento de todos os instrumentos de trabalho e de todo o processo
produtivo, desde a compreensão dos materiais, observação
das formas e texturas da natureza, até o projeto e
execução dos objetos.
Daí derivaria a capacidade de arquitectos e designers de
projectar produtos para a indústria com qualidade estética e
construtiva, do pequeno objeto ao edifício. No mobiliário,
privilegiou-se essencialmente o aspecto funcional das peças em
relação ao espaço, construindo-se móveis de
aço e alumínio com elementos tubulares padronizados,
instaurando-se assim uma nova tipologia, uma nova tecnologia e uma nova
funcionalidade.
Consolidando definitivamente o significado do design industrial, a
Bauhaus fez com que as peças de mobiliário fossem objectos
úteis, práticos, agradáveis à vista e com um
desenho adequado à produção em série, favorecendo
sua viabilidade económica.
Fechada pelos Nazis em 1933, a Bauhaus prolongar-se-ia na obra de
arquitectos e designers de móveis de grande aceitação pela
indústria e pelo público da época e que até hoje
constituem padrão de referência do mobiliário do
século xx.
o ensino
A Bauhaus tinha como principal estrutura em seu sistema
educacional um curso preliminar obrigatório para todos os alunos
o Vorkus.
O aprendizado conquistado pela prática era o que buscava
este curso ; através de estudos fazia-se com que os alunos
desenvolvessem na prática exploração e
combinação de formas, cores e materiais.
Só depois de passar por todo o processo do
Vorkus, o aluno se especializaria numa
oficina específica. Em suas
várias fazes, a Bauhaus tentou unir técnica e arte através
da prática e da experimentação. Mais tarde introduziu o
estructuração de metodologias de projectos.
Buscou uma integração da Arquitectura ao Design
projectando o mobiliário como componente integrante da arquitectura.
Considerada a fonte do design moderno, foi uma referência
estética para produção industrial moderna. Desenvolveu e
aprimorou nos seus laboratórios protótipos de produtos adequados
à produção em série.
Apesar de todas as críticas que sofreu, foi um marco de
extrema importância para a História do Design, tendo em vista que
foi a primeira escola a utilizar-se de métodos educacionais
exclusivamente adequados ao design industrial.
 |