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Protipografia em Valência

Nos finais do século XV e princípios do século XVI trabalhavam em Valencia tipógrafos, encadernadores, curtidores e ilustradores, que alcançaram fama e prestígio.

A chegada a Valência dos protipógrafos alemães Lamberto Palmart, Lope de Roca, Nicolás Spindeler, Juan Rosenbach, Pedro Hagenbach, Leonardo Hutz e Cristóbal Coffman, a convite de Jacobo Vizlant, representante de uma sociedade comercial de Ravensburgo, fez introduzir a Imprensa nesta cidade numa data relativamente precoce: 1473.

(Juan Parix de Heidelberg tinha impresso o primeiro incunábulo espanhol, em Segóvia, apenas um ano antes: em 1472).

Neste contexto, recorde-se que em

  • França a Imprensa começou em 1470,
  • na Holanda em 1473.

Valencia foi o principal foco de atracção de impressores na Espanha da época, pelas sua importância económica e social. Ao mesmo tempo, nos moinhos de Xátiva começava-se a comercializar o papel com critérios modernos.

Em 1473 instalou-se — a requerimento do comerciante Jacobo Vizlant —, um prelo em Valencia, movido por Lamberto Palmart (vindo de Colónia), Johann Plank (de Salzburgo) e Pablo Hurus (vindo de Constança).

Em 1474 Palmar estampó en o taller de Vizlant Les obres e trobes davall scrítes les cuals tracten de lahors de la sacratíssima Verge María” libro que recoge una justa poética de improviso realizada por 43 poetas. Les obres e trobes está considerado como o primer libro impreso en España e como la primera obra de carácter literario editada com caracteres móviles. Segundo Pedro Bohigas, no seu ensaio sobre o livro español, «el número de impresos de Valencia por estas fechas es superior al de cualquier otra ciudad de España. E tanto entonces como en posteriores tiempos Valencia acogió a numerosos impresores extranjeros, alemanes, suizos, franceses, etc. que seguramente acudían a ella atraídos por las posibilidades para o desarrollo de la maravillosa industria.»

Deste modo, Valencia foi o primeiro centro editorial de Espanha. Durante o século xvi, contou 32 impressores, entre os quais se destacaram Joffre, Costilla, Sanahuja, Díaz, Romano, Maciá, Navarro e o flamengo Juan Mey, «cabeza de una dinastía que habría de publicar casi la mitad de la produção local en materia de humanidades.» Nos finais do século XV e princípios do século XVI trabalhavam em Valencia tipógrafos, encadernadores, curtidores e ilustradores, que alcançaram fama e prestígio.

Em Valencia imprimiu-se o primeiro incunábulo datado, o Comprehensorium vocabularius ex aliis collectus, de Johannes Grammaticus, com colofão de 25 de Fevereiro de 1475, mas sem indicação do impressor (que se pensa ter sido Lamberto Palmart). Os caractéres são romanos, compostos a duas colunas, com a extensão de 334 fólios. Em 1477 imprime-se a Tertia pars Summa Theologica, considerado o primeiro incunábulo espanhol com todos os dados (impressor e data). Nesta cidade instalou-se uma das primeiras oficinas impressoras de Espanha, a de Jacobo Vitz­lán, comerciante alemão, representante do clã Ravensburg. Ficou a cargo desta oficina o mestre impressor Lamberto Palmart; no ano de 1474 (dois anos depois de Juan Párix) imprimiu-se aqui um dos primeiros incunábulos espanhóis, Les Trobes en lahors de la Verge Maria, em vernacular valenciano. Com anterioridade a esta obra, também atribuída a Palmart, estampou-se em Valencia um volume em quarto, de 66 folhas. impresso com caractéres romanos: Obres o trobes en lahors de la Verge María. Recolhe as composições dos poetas que vieram ao certame poético em honra da Madre de Dios, celebrado em Turia em Fevereiro de 1474. Também se atribuem a Palmart: Ética, Política e Economía de Aristóteles (1473), um Salustio (1475), a Suma de Santo Tomás (1477) e a Biblia Valenciana (1478), esta obra composta em Gótica rotunda, na qual também consta o nome de Alonso Fernándezde Córdoba. A última obra na qual aparece o seu nome é a Omelía sobre os Psalmos de Profundis, de Jerónimo Fuster, datada de 15 de Abril de 1490. A Historia de la Passio de N. S. Jesuchrist en cobles, cujos impressores foram o alemão Pedro Hagenbach e Leonardo Hutz, foi impressa em Valencia, a 11 de Janeiro de 1493. Esta obra inclui ilustrações nas suas 128 páginas. Obra financiada por um tal Jaime Vila, este incunábulo é um exemplo das actividades poéticas da chamada Escola Valenciana, que evoluiu de temas medievais para motivos renascentistas, como os expostos por Joan Roís de Corella. Em breve a produção tipográfica cresceu em Valencia, devido à chegada de vários impressores de origem alemã que se foram instalando na cidade, na qual já existia uma tradição na fabricação de papel, introduzida pelos árabes (moinhos árabes de Játiva). Este auge na industria impressora, assim como o grande crescimento sócio-cultural, desenvolvem um época de especial esplendor do Reino de Valencia: o Siglo de Oro Valenciano.

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