|
First Principles of Typography
Um excerto do célebre ensaio de Morison, que apareceu pela primeira vez no
último número da revista The Fleuron. Foi posteriormente
editado em forma de livro, em 1936, pela Cambridge University Press.
Não admira que as atitudes que Stanley Morison defendeu nos First Principles of
Typography denotem uma posição conservadora, opondo-se aos
impulsos vanguardistas da neue typographie alemã e, virado para o
lado oposto, contrariando igualmente os impulsos saudosista-medievais que
vinham das imprensas privadas, como a de William
Morris Morris propagava: «As letras devem ser desenhadas por
artistas, e não por engenheiros». .
«A tipografia pode ser definida como o ofício de
dispor correctamente o material a imprimir para atingir um objectivo
específico o de colocar as letras, distribuir os espaços e
controlar os tipos, de forma a oferecer ao leitor a máxima ajuda na
compreensão do texto.
A tipografia é o meio eficaz para conseguir um fim
essencialmente utilitário e só acidentalmente um deleite
estético, já que o gozo visual das formas raramente é a
aspiração principal do leitor. Assim, é incorrecta
qualquer disposição de material de imprensa que, seja por que
intenção for, produza o efeito de se interpor entre o autor e o
leitor.
Any disposition of printing material which, whatever the
intention, has the effect of coming between author and reader is
wrong.
A partir deste pressuposto, deduz-se que a impressão de
livros feitos para serem lidos oferece uma margem muito reduzida para realizar
tipografia «original». Até a mediocridade e a monotonia na
composição são muito menos nocivas para o leitor que a
excentricidade ou a excessiva informalidade.
Os artifícios desta natureza são
desejáveis, e até essenciais, nos impressos de propaganda, sejam
estes de tipo comercial, político ou religioso, porque em tais impressos
só a novidade é capaz de ultrapassar a indiferença.
Mas a tipografia do livro, com excepção das
edições de pequena tiragem, requer obediência a normas
quase absolutas. E com razão. Dado que a arte de imprimir é
essencialmente um processo de multiplicação, necessita não
só de ser bom em si mesmo, mas também de possuir esta qualidade
com respeito a uma finalidade geral. Quanto mais ampla for esta finalidade,
mais estritas serão as limitações impostas ao impressor
[paginador].
Pode tolerar-se a este impressor [paginador] que faça uma
experiência num opúsculo cuja tiragem não exceda os
cinquenta exemplares, mas careceria de sentido tentar fazer experiências
do mesmo tipo num impresso com cinquenta mil exemplares.
Pela mesma razão, a introdução de uma
novidade tipográfica, que poderia parecer adequada num folheto de 16
páginas, seria totalmente indesejável num livro de 160
páginas. Faz parte da essência do uso da tipografia e da natureza
do livro impresso o facto de se tratar de desempenhar um serviço
público.
Para fins individuais ou particulares existe o manuscrito, o
códice. Por esta razão há algo de ridículo em fazer
um só exemplar de um livro impresso, o que não impede que se tire
um número limitado de exemplares de um livro quando este constitui o
veículo de uma experiência tipográfica.
"It is always desirable that experiments be made, and it
is a pity that such 'laboratory' pieces are so limited in number and in
courage. Typography today does not so much need Inspiration or Revival as
Investigation."
É sempre desejável que se façam
experiências, e se há algo que lamentamos é que sejam
tão limitadas em número e atrevimento estas "peças de
laboratório". Actualmente, a tipografia não precisa tanto da
inspiração e dos revivalismos*, como da
investigação. (...)»
*uma crítica velada ao saudosista William Morris.
Stanley Morison. First
Principles of Typography
Bibliografia
Heitlinger, Paulo. Tipografia:
origens, formas e uso das letras. Copyright © 2006 Paulo
Heitlinger, ISBN 10 972-576-396-3 , ISBN 13 978-972-576-396-4, Depósito
legal 248 958/06. Dinalivro. Lisboa, 2006.
Jan Tschichold, The Form of the Book, Essays on the Morality
of Good Design, Vancouver, British Columbia: Hartley & Marks,
1991
Harry Duncan, Doors of Perception, Essays in Book
Typography, Austin: W. Thomas Taylor, 1987
Robert Bringhurst, The Elements of Typographic
Style, Vancouver, Hartley & Marks, 1992
Carl Dair, Design with Type, Toronto: University of
Toronto Press, 1967)
Fernand Baudin, How Typography Works (and why it is important),
New York: Design Press, n.d.
Eric Gill, An Essay on Typography, Boston: David R. Godine,
1988
Bruce Rogers, Paragraphs on Printing, New York: Dover, 1979
,Stanley Morison, First Principles of Typography,
Cambridge: Cambridge University Press, 1967.
Beatrice Warde. "Printing Should Be Invisible," in Books and
Printing, Cleveland: World Publishing Company, 1963
Daniel Berkeley Updike, In the Day's Work, Cambridge,
Massachusetts: Harvard University Press, 1924
Página actualizada em 08.07.2007 |