Tipografia Logo: Univers Silentium
             
T I P O G R A F O S . N E T     by FreeFind

A letra carolina

Karolingische Minuskel

A Carolina foi introduzida como o que hoje chamaríamos talvez «Corporate Typeface» pelo imperador Carlos Magno (768–814), propagou-se rapidamente não só no enorme território do reino franco, que se estendia até ao Ebro, mas também por todo o Ocidente cristão.

Alcuin
Alcuino de York, (York,730–Tours,804)

A letra Carolina foi a componente gráfica essencial da Renascença Carolina, movimento de renovação cul tural e intelectual impulsionado por Carlos Magno, que, embora praticamente analfabeto, foi um grande fomentador do estudo da Antiguidade e da recuperação dos legados gregos e romanos.

A maioria dos documentos latinos e gregos fundamentais para a cultura humanista, foi copiada em Carolina e difundidos pelos conventos de Tours, Lorsch, Reichenau, St. Gallen e outros.

O projecto de implementação da Carolina no reino franco foi dirigido pelo abade Alcuíno do Mosteiro de York na Inglaterra, posteriormente mestre do scriptorium do convento Saint Martin de Tours, em cooperação com a escola de escrita imperial e a Chancelaria Real de Carlos Magno.

Alcuino nasceu em York na Northumbria (Grã Bretanha) em 735 e morreu a 19 de Maio de 804 em Tours (França). Estudou na escola catedral de York e, provavelmente, também em Itália.

Ensinou durante cerca de 15 anos na escola da catedral de York, onde criou uma das melhores bibliotecas da Europa de então e transformou a escola num dos maiores centros de saber.

Fundou o palácio-escola de Aix-la-Chapelle onde eram ensinadas as sete artes liberais segundo o sistema educacional de Cassiodorus.

Com o apoio incondicional do imperador Carlos Magno, Alcuíno de York foi o operador de uma vasta campanha de literacia e impulsor da «escrita unificada» baseada na letra Carolina.

800 anos depois da era imperial romana, foi de novo praticada uma homogeneização e normalização da escrita em grande parte da Europa.

Manuscrito francês, segunda metade do século VIII.

Alcuíno, chamado em 782 para aconselhar e assessorar Carlos Magno, conseguiu em poucos anos a normalização da escrita em todas as pro víncias do vasto império franco — o maior domínio europeu desde o Império Romano.

Tratou-se de uma decisão política: esta escrita foi imposta deliberadamente – para acabar com a confusão originada pelas dife rentes Bastardas vigentes no reino franco e para uniformizar a escrita em todas as províncias, facilitando a leitura e a troca de documentos.

CM
cm cm
Uma expressão da política unificadora de Carlos Magno foi a introdução de uma moeda únioca no seu vasto império. A moeda msotrada aqui foi cunhada no porto de Quentovic no Norte da França.

A partir de 819, a Carolina foi introduzida com sucesso na maioria das chancelarias, scriptoria e escolas de escrita do reino franco. Com poucas excepções, como a Irlanda, a Carolina expandiu-se rapidamente em toda a Europa Central. Depois da romana, foi a nova «escrita universal».

Origem

Já existia antes de Carlos Magno ascender ao trono e antes de vir a ser a «Corporate Typeface» no seu reino; a letra carolina deriva das primeiras minúsculas caligráficas francesas. A primeira destas escritas nasceu em Luxueil, traz o nome desta fundação monástica irlandesa e atingiu o seu pico por volta do ano de 700.

A letra Carolina, com ducto algo inclinado, retomou algumas formas das letras unciais e semiunciais. As características letras redondas, regulares, suficien te mente separadas, asseguram (ainda hoje!) ao leitor uma óptima legibilidade e ao escriba, um traço fluido e fácil.

Contrariamente ao que o nome sugere, a «Minúscula Carolina» integrou letras maiúsculas em muitos textos; além disso, era frequente os monges copistas combinarem esta letra com a Capitalis quadrata e com a Capitalis rustica ou com alfabetos unciais, obtendo harmoniosos contrastes gráficos.

Na Península Ibérica, a Carolina entrou muito tarde (século XI-XII); só então se produziu a transição da Visigótica. O novo sistema de escrita penetrou pelo Caminho de Santiago e pela entrada da ordem francesa de Cluny no reino de Leão – ao qual pertencia nessa época a Galiza.

A Carolina expandiu-se mais célere por urbes, como Santiago de Compostela; o mundo rural, fora das correntes inovadoras, deu permanência à Visigótica.

O arcebispo galego Xelmírez teve grande protagonismo tanto em acontecimentos políticos como culturais; as novas tendências manifestas na letra carolina tiveram nele um grande defensor.

A Carolina foi usada desde o século IX até ao XIV, existindo belíssimos exemplos da expressão tardia desta letra, quando a Idade Média, já no seu termo, tinha a Renascença à porta.

Hoje, a Carolina continua a viver no nosso quotidiano tipográfico, depois de fusionada com as formas versais romanas (ver o texto sobre Nicolas Jenson).

Links

www.ceec.uni-koeln.de/

Topo páginaTopo página

Quer usar este texto em qualquer trabalho jornalístico, universitário ou científico? Escreva um email a Paulo Heitlinger.
copyright by algarvivo.com