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Revistas e magazines: introdução

No magazine processa-se o câmbio do textual para o visual. Ultrapassando a Tipografia do livro, interessada na elegância e na legibilidade dos tipos, a revista ilustrada traz novos impulsos ao typeface design.

O design de revistas e magazines é uma das área do design gráfico que mais impacto tem tido na Tipografia. As revistas têm sido o lugar de desenvolvimento de novos vocabulários de design, bem como de processos técnicos. Os leitores formam um elo emocional com os seus títulos favoritos, quer pelo seu conteúdo, quer pelo modo como se apresentam.

"Compared to books," diz o autor Horst Moser, "magazine design is more flexible, often more elaborate, more expensive, and more experimental. Photography, typography and illustration all work together."

Entre os principais formadores do design da revista moderna temos Alexey Brodovich e Paul Rand, e os designers mais importantes no processo de desconstrução da revista contemporânea foram Brody e David Carson.

Desde que, a partir de meados do século XIX, os avanços tecnológicos aceleraram a Imprensa, as revistas têm desempenhado um papel significativo na vida diária de pessoas em todos os sectores da sociedade.

O que é uma revista?

Coloque-se perante uma banca de revistas em qualquer parte do mundo e à sua frente encontrar-se-á uma exibição espantosa - centenas de capas competindo pela sua atenção, cada uma delas tentando atraí-lo com as promessas daquilo que contêm...

Muitas ostentam um nome familiar: Vogue, CQ, Sports llustrated, Piayboy, National Geographic, Time, Newsweek, Life, The Economist.

É destas marcas internacionais que a maioria das pessoas se lembra quando pensa em revistas. Tais revistas mensais e semanários são os membros mais visíveis e mais conhecidos do mundo dos periódicos.

Os públicos

Mas para além destas e muitas vezes fora das bancas, um grande número de títulos menos conhecidos — títulos de comércio, suplementos de jornais, revistas para clientes, fãs e, hoje em dia, revistas na Internet (Webzines) —, existem aos milhares, fornecendo informação aos leitores com interesses específicos, quer pessoais, quer profissionais.

Onde quer que exista um grupo de pessoas interessado num determinado assunto, e um indivíduo ou organização com motivação suficiente para com ele comunicar, existe uma revista que estabelece a ponte entre ambos.

A palavra magazine tem origem na língua árabe na qual significa armazém. As revistas que lemos são essencialmente uma colecção de diversos elementos - artigos e fotografias - unidos por um traço comum.

As revistas e magazines fornecem informação a todas as profissões, interesses, hobbies ...e fantasias. Após um século de popularidade crescente, muitos «especialistas» fizeram a previsão que a televisão acabaria com as revistas e com os jornais.

Em vez de desaparecerem, as revistas adaptaram-se e o número publicado hoje excede em muito o publicado aquando da introdução da televisão.

Milhões de pessoas em todo o mundo recorrem hoje à World Wide Web procurando informação e entretimento — e novamente as revistas multiplicam-se!

Não só as revistas generalistas, mas especialmente as revistas vocacionadas a toda a espécie de nichos — special interests — não param de crescer e aumentar.

A importância da fotografia nas revistas ilustradas

Embora registro estático — sem o apelo das imagens em movimento que o cinema propões—, as fotografias de estrelas, actrizes e VIPs publicadas pelas revistas ilustradas movimentavam o mercado editorial.

Entre 1920 e 1930, Siegfried Kracauer, nas suas colunas semanais no jornal Frankfurter Zeitung, analisou o teor desse género de revistas:

«A intenção das revistas ilustradas é reproduzir completamente o mundo acessível ao aparelho fotográfico; registam espacialmente o cliché das pessoas, situações e acontecimentos em todas as perspectivas possíveis [...]. Nunca houve uma época tão bem informada sobre si mesma, se ser bem informado significa possuir uma imagem das coisas iguais a elas no sentido fotográfico.»

Quem produz as revistas? E como?

Sendo as revistas compostas por elementos diversos, elas são compiladas por uma variedade de pessoas cujas profissões, apesar de distintas e diferentes, se sobrepõem em várias áreas.

Embora a maioria das revistas resulte de esforços de colaboração, existem meios hierárquicos onde é dada grande importância ao título pelo qual se exerce a profissão: editor, sub-editor, editor assistente, editor delegado, "features editor" (editor de configuração), editor colaborador, "editor-at-large" (editor geral/livre), director editorial - as variações são quase infinitas e quase infinitos os significados que envolvem.

O status atribuído a um particular título profissional e as responsabilidades a ele inerentes variam de publicação para publicação. Em algumas editoras a decisão sobre qual a imagem a utilizar na capa, por exemplo, é confiada inteiramente ao director de arte.

Noutras, o editor também quererá dar a sua opinião. Noutras ainda a decisão será tomada a um nível mais alto - estará a cargo da direcção (talvez um publicador ou um director editorial responsável pela produção de toda a editora).

O editor

O editor é o derradeiro responsável pelo conteúdo da revista e tem normalmente experiência jornalística. A tarefa do editor é estabelecer os parâmetros do conteúdo (decidir o que é e o que não é do interesse dos leitores), distribuir artigos, instruir os outros funcionários a tempo inteiro quanto à preparação da revista e assegurar-se de que os exemplares e imagens entregues pelos colaboradores têm um nível suficientemente elevado para serem publicados.

Aqueles que trabalham abaixo do editor têm uma variedade de designações que são imprecisas no seu significado - assistente de edição, jornalista, repórter, "feature writer", escritor sénior, correspondente, sub-editor, editor de informação, "feature editor" (editor de configuração), editor associado, editor delegado, editor colaborador e redactor livre são tudo títulos que surgem frequentemente nas fichas técnicas das revistas.

Na sua maioria estes títulos dão alguma indicação da extensão da responsabilidade delegada pelo editor nos seus titulares: o "feature editor" (editor de configuração), por exemplo, terá particular responsabilidade em fornecer "feature ideas" (ideias base) e em lidar com os "feature writers".

Os correspondentes, editores colaboradores e redactores têm normalmente um acordo com a revista pelo qual o seu conhecimento e experiência estão à disposição, sempre que necessário, dos funcionários regulares daquela, não estando eles próprios empregues a tempo inteiro o que lhes permite prosseguir outros interesses tais como escrever para outras revistas.

O sub-editor é responsável pela revisão de provas da revista, procurando incoerências estilísticas ou factuais bem como erros ortográficos ou gramaticais. Pode também escrever os cabeçalhos, primeiras páginas, legendas, reescrever exemplares mal preparados e até dispor as páginas.

Além destes colaboradores a tempo inteiro ou parcial que normalmente trabalharão na própria editora no escritório do publicador, as revistas muitas vezes empregam jornalistas independentes — quer por serem especialistas quer porque não têm trabalho suficiente para empregar um escritor a tempo inteiro.

A supervisão da compilação da revista é muitas vezes a tarefa de um director de produção ou de um editor de produção, cuja responsabilidade é a de se assegurar de que todo o conteúdo editorial e publicitário está presente e correctamente reunido, projectado, revisto e impresso.

É o director de produção, após prévia consulta do editor e publicador, quem fixa os prazos de produção: determinando quando é que os exemplares e as cópias serão recebidos, que tempo levarão os processos de substituição e de design, e quando é que a revista precisa de ser impressa de modo a estar nas lojas a tempo.

O designer editorial / director de arte

O designer tem de dar «identidade» — expressão e personalidade às diversas componentes — para que estas possam ser reconhecidas como um todo coerente e original, atraindo o leitor num primeiro momento e depois construindo a fidelidade da marca.

Os elementos têm de ser organizados de tal modo que o leitor possa encontrar rapidamente os items individuais nos quais está interessado. Estamos a falar da hierarquia dos conteúdos.

A principal tarefa de um director de arte ou designer editorial é apresentar, num estilo gráfico próprio e original, o material que foi pedido pelos editores e fornecido pelos jornalistas, fotógrafos e ilustradores, mantendo os prazos projectados pelo director de produção.

No sentido exacto da palavra, não existe diferença entre as tarefas desempenhadas sob o título de director de arte ou designer, com a excepção de que um director de arte ou um editor de arte terão ocasionalmente um ou vários designers trabalhando com eles e que são quem verdadeiramente dispõe as páginas concebidas e desenhadas pelo director de arte.

O designer de uma revista, o seu director de arte, desempenha várias funções que têm de coexistir harmoniosamente se se pretende que a revista funcione como um todo.

Estas tornam a revista mais apelativa para os seus leitores, dão-lhes uma personalidade ou identidade distintiva, e apresentam os conteúdos de modo a que os leitores achem útil na "navegação" através da revista.

As relações laborais nas revistas são de extrema importância ja que os melhores resultados só serão atingíveis se o Design e Produção cooperarem ao longo de todo o processo com vista à produção de um produto final coerente. Um artigo terá um melhor impacto se o director de arte encarregue da fotografia compreender bem aquilo que o editor encarregou o jornalista de escrever.

Na maioria das revistas o apertado prazo que se tem para fazer a sua compilação antes da publicação significa que não há espaço para erros. Uma boa comunicação e hábitos de trabalho firmes são essenciais.

Onde são feitas as revistas?

A imagem de uma sala de informação num jornal é - nos familiar devido à televisão e aos filmes: um espaço grande e amplo; um centro de grande actividade com centenas ou dezenas de ' pessoas correndo para cá e para lá. No entanto, com a informatização da maioria dos jornais nos últimos dez anos, e o aparecimento do e-mail, os jornais de hoje empregam menos pessoas em todas as áreas, incluindo na sala de informação, e o ruído das máquinas de escrever e dos gravadores tirando notas, já não paira no ar.

As revistas semanais ou mensais empregam menos pessoal do que os jornais, e, com prazos limite mais longos, o ritmo é muitas vezes mais lento. Como as revistas são hoje produzidas por DTP, uma revista pode ser tecnicamente produzida por um único indivíduo num único computador.

A tecnologia tornou a produção de uma revista num negócio geograficamente flexível: a adopção generalizada de e-mail e sistemas de edição digital permitiram que as companhias independentes de design se oferecessem com sucesso para a tarefa de direcção de arte nas revistas numa base mensal.

Bibliografia

LAYOUT - Design editorial. E-book de Paulo Heitlinger

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