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Caligrafia comercial nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos da América, as formas caligráficas são diferentes das européias; resultam de uma tradição de penmanship (destreza caligráfica), representada por uma série de mestres e das suas escolas privadas: P.R. Spencer, A.N. Palmer, Zaner e outros.

Platt Rogers Spencer

Platt Rogers Spencer (1800–1864) teve a noção que os EUA precisavam de uma escrita manual «que podesse ser escrita rápida e legivelmente, e elegante para ser empregue tanto na correspondêncial comercial como nas cartas pessoais».

O seu Spencerian Script foi desenvolvido em 1840, e pouco depois começou a ser leccionado numa escola que Spencer fundou para o efeito. Os formadores diplomados na escola de Spencer começaram a replicar este estilo caligráfico fora dos EUA, e o Spencerian Script chegou até às Common Schools do Reino Unido.

Como Spencer faleceu em 1864, não presenciou o grande sucesso do seu método; foram os filhos que se encarregaram de continuar a missão do pai, publicando o manual Spencerian Key to Practical Penmanship, em 1866.

Antes da Guerra Civil, Spencer foi indiscutivelmente o rei da caligrafia. O Spencerian Script tinha-se tornado o standard writing na América do Norte; o seu grau de notoriedade só começou a ser ofuscado na década de 1920, com o triunfo da máquina de escrever. Mas também já começava a ser substituído por um estilo mais simples e sóbrio: o Palmer Method.

 
Austin Norman Palmer

Austin Norman Palmer (1860–1927) inovou a caligrafia comercial com um método desenvolvido por volta de 1888 e apresentado ao público em 1894, já patenteado como Método Palmer de Caligrafia Comercial.

O manual correspondente foi um grande êxito: em 1912, já um milhão de exemplares se vendera nos EUA. O método baseava-se numa série de normas, e era treinado em exercícios práticos e fáceis de realizar, de carácter repetitivo (drills). Tinham por objectivo que o praticante acabasse por adquirir uma certa espontaniedade nos movimentos que executa ao escrever, de maneira que adquira automatismo e fluência. É um método claro e resumido, vocacionado para a escrita comercial, embora também se propagasse extensamente no ensino escolar primário.

Existem vários tipos de Caligrafia Palmer, bastante similares: uma letra clara, legível, fluida e rápida de executar – os elementos fundamentais de uma escrita cursiva, ligada. O método desenvolvido por Palmer tornou-se rapidamente o sistema de letra mais popular nos EUA.

Mas para ensinar handwriting numa escola, Palmer exigia como condição que os formadores fossem adequadamente treinados no seu método, visto que «teachers cannot teach what they do not know». O seu enérgico entusiasmo era contagiante e influenciou muitos estudantes e instrutores, um pouco por todos os estados dos EUA.

Charles Paxton Zaner

Charles Paxton Zaner (1864-1918) atingiu alguma notoriedade com a escola que manteve com o seu parceiro Elmer W. Bloser. Com o advento do Vertical Writing, considerado mais próprio para a escrita escolar, Palmer perdeu popula­ri­dade.

Em 1989, a American Book Company oferecia o American System of Writing, uma adaptação de alfabetos escolares desenvolvidos em Viena por Bayr e Scharff, uma letra «bela, simples, legível», conforme apregoa o prospecto. O livro Barne’s National Vertical Penmanship foi posto no mercado pouco mais tarde, em 1898, pela Merican Book Company.

Além da fonte digital P22 Zaner, orientada pelos desenhos de Charles P. Zaner, há que mencionar a Business Penmanship, uma «fonte rica» que integra mais de 1200 glifos, que incluem ligaduras, letras alternativas, um grande conjunto de extensões para o início e o final de palavras, assim como uma ampla gama de caracteres para idiomas de raiz latina. É uma fonte que o prolífico designer argentino Alejandro Paul desenhou em 2009 e que é comercializada em www.sudtipos.com.

Links

A fonte mais completa para estudar materiais caligráfico-didácticos americanos do século xix é 19th Century Schoolbooks, uma colecção acessível em digital.library.pitt.edu/nietz.

Uma excelente colecção de manuais de caligrafia está no site da International Association of Master Penmen, Engrossers and Teachers of Handwriting, online em www.iampeth.com.

Bibliografia

Heitlinger, Paulo. Tipografia: origens, formas e uso das letras. Copyright © 2006 Paulo Heitlinger, ISBN 10 972-576-396-3 , ISBN 13 978-972-576-396-4, Depósito legal 248 958/06. Dinalivro. Lisboa, 2006.

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