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Padrões DIN

DIN é a abreviação para Deutsche Industrie Norm. Deutsches Institut für Normung e.V. designa a instituição que define e rege os padrões industriais alemães.

O Instituto Alemão para Normalização é a organização na Alemanha para normalização e padronização, representante da Organização Internacional para Padronização (ISO) no país.

As tomadas eléctricas DIN são um dos muitos padrões criados pelo DIN e que foram adaptados em todo o mundo. Actualmente existem cerca de trinta mil padrões DIN, cobrindo todos os campos tecnológicos.

Alguns padrões ISO foram criados a partir de padrões DIN anteriores, como DIN 476 para tamanhos de papéis, de 1922, que introduziu o tamanho A4, e que foi adoptado como padrão internacional ISO 216 em 1975.

A letra DIN

No sector alemão, a evolução das letras usadas para sinalética foi cunhada pela letra normalizada, que se chama DIN Schrift.

Na Alemanha, e parcialmente também na Áustria, a tipografia usada nos espaços públicos esteve (e está) dominada por duas fontes definidas pelo Instituto DIN; dois tipos padrão da Deutsche Industrie Norm DIN 1451: a DIN Mittelschrift e a sua parceira condensada, a DIN Engschrift.

Popularmente designadas por «Fontes Autobahn », estes dois tipos de letra dominam na Alemanha a sinalética rodoviária, municipal e particular há dezenas de anos. Seguindo as investigações de Albert-Jan Pool, o typeface designer holandês que desenhou em 1995 a fonte OCR F, baseada na OCR B de Adrian Frutiger de 1968 e que desenhou também a fonte FF DIN para o FontShop, podemos reconstruir a origem e evolução desta memorável letra, que nunca teve ambições estéticas, mas que se impôs como letra técnico-racional e de excelente legibilidade.

«Para fornecer um tipo de letra que possa ser desenhado com a ajuda de uma grelha ... foi escolhida a letra usada pela Deutsche Reichsbahn (rede ferroviária).» – assim reza um documento de 1936, que permite traçar as origens das fontes DIN; um documento encontrado por Pool nos arquivos do DIN Institut em Berlin.

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Em 1905, a KPEV — Königliche Preussische Eisenbahn (Rede Prussiana Ferroviária) — tinha definido um padrão de letras a usar nos comboios. Tal medida visava estabelecer um padrão para os wagons de transporte de mercadorias, mas passou a ser usada também para letreiros, placas das estações e a sinalética das plataformas de embarque. De certo modo, foi a primeira corporate typeface da Alemanha.

Com o advénio da Républica de Weimar depois da I. Grande Guerra, acelerouse o processo de unificação dos diferentes Estados alemães; todas as companhias ferroviárias foram aglutinadas na Deutsche Reichsbahn, em 1920. Os master drawings da KPEV passaram a ser a referência única para a sinalética rodoviária. Conforme a este padrão de 1905, a letra DIN alcançou cem anos de serviço em 2005.

Na jovem República de Weimar, a unificação e a standardização eram tópicos de primeira importância. Na perspectiva do Instituto DIN, e portanto de toda a indústria alemã, a standardização e normalização eram elementos-chave para a qualidade e o sucesso dos produtos industriais made in Germany.

Relembremos as ligações com a Bauhaus e com os adeptos da Neue Typographie.

Tanto o DIN como a Bauhaus pretendiam instaurar standards baseados em soluções simples, com letras de formas muito elementares.

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Dr. Walter Porstmann
incentor dos DIN-Formate

Walter Porstmann, que tinha concebido os formatos para papel DIN (A4, A5, A6, ...) deu aulas na Bauhaus de 1924 a 1925. Aí propagou a «kleinschreibung» (o uso exclusivo de letras minúsculas) assim como a sua visão de uma fonética alemã reformada e de um «alfabeto universal».

Tal alfabeto deveria de ser económico, legível, mesmo mais fácil de ler – e deste modo, deveria ser um forte impulso para globalizar a comunicação a nível internacional. Não admira constarmos que Jan Tschichold tenha lançado o seu alfabeto experimental por volta de 1929...

A empresa Siemens apreciava o trabalho desenvolvido pelo seu engenheiro Ludwig Goller (1884- 1964), que era presidente do Comité DIN Zeichnung. Deste modo, os tipos da recém-desenhada fonte DIN Mittelschrift ou DIN 1451, foram integrados no novo logotipo da Siemens, criado em 1936.

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Walter Porstmann: Dinbuch 1 - Normformate

Nas publicações DIN sobre o alfabeto DIN 1451, o mentor Ludwig Goller assinava responsável pelo desenvolvimento desta letra. No processo de emissão da fonte DIN 1451, que começou por volta de 1924 (até às mais recentes versões, de 1985) um padrão mestre forma a base de todos os desenhos.

Uma das metas apontadas: que fosse possível desenhar as mesmas formas de letras com toda uma série de diferentes técnicas e instrumentos.

Dependendo do método usado – eslabão, régua e círculo, etc. –, os acabamentos das letras poderiam ser rectos ou redondos, mas sempre partilhando o mesmo esqueleto formal e uma grossura de letra constante, sem qualquer modulação da grossura de hastes.

Estas características da DIN 1451 coincidem parcialmente com o DIN 16, um dos primeiros DIN-Standards a serem emitidos; corria o ano de 1919. DIN 16 propunha a fonte como standard para o hand-lettering de desenhos técnicos.

Walter Porstmann: Dinbuch 1 - Normformate, Nutzen durch das Normformat für Handel, Industrie und Staat. Im Auftrag des deutschen Normen-ausschusses. Beuth-Verlag, Berlin 1930.

A influência de Porstmann na Tipografia praticada na Bauhaus é descrita por Ute Brüning na obra Das A und O des Bauhauses. Berlin. Bauhaus- Archiv. 1995.

Na publicação de Goiter Normschriften (Letras Standard) em 1936, os tipos DIN 1451 e DIN 16 foram declarados standard para a sinalética de autoestradas, nomes de ruas, números de casas e placas de identificação de viaturas.

Nos nomes da marca-monograma da Siemens- Halske de 1899, já aparece uma letra do tipo DIN.

Também o logo para a Siemens, elaborado em 1936 por Hans Domizlaff (um dos primeiros brand consultants), aparecem caractéres relacionados com a DIN 1461...

No glossário: Formatos DIN Ax

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