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Arts and Crafts (1880-1900)

A partir de 1880, surgiram na Grã-Bretanha diversas organizações e oficinas dedicadas a produzir artefactos à escala artesanal ou semi-artesanal, no âmbito do Movimento das Artes e Ofícios.

O movimento Arts and Crafts defendia o artesanato como alternativa à mecanização e à produção em massa industrial. Queria acabar com a distinção entre artesão e artista.

O movimento de reforma Arts and Crafts — uma busca pelo «autêntico» e «significativo» — deve-se em grande parte à acção do artista, poeta, tipógrafo e agitador social William Morris. Quando a produção industrial se tornava já um facto consumado, ele ficou aflito pelo mau gosto, a desumanização progressiva das condições de trabalho e a poluição ambiental.

Este repúdio levou-o a defender a promoção qualitativa da produção artesanal contra a produção industrial. Morris - e o movimento Arts and Crafts - não se distraía com meras ornamentações e chamava a atenção para os problemas estruturais.

Tentou fazer frente aos avanços da indústria e pretendia imprimir em mobiliários, texteis e objectos o traço do artesão-artista, que mais tarde seria conhecido como designer.

Arts and Crafts foi influenciado pelas idéias do romântico John Ruskin e liderado pelo pseudo-socialista e medievalista William Morris.

Guildas e associações

Diversas sociedades e associações são criadas com base na intervenção direta de Morris. Entre as mais famosas estão

  • a Century Guild,
  • a Art Worker’s Guild, Guilda dos Trabalhadores de Arte (1884)
  • a Guild and School of Handicraft e
  • a Arts and Crafts Exhibition Society, exposição quadrienal de móveis, tapeçaria, estofados e mobiliário, realizada em Londres.

Todas estas sociedades e associações foram inspiradas pelo exemplo de William Morris e dirigidas por designers como A.H. Mackmurdo (1851 - 1942), W.R. Lethaby, C.R. Ashbee e Walter Crane (1845 - 1915).

Em 1861, é fundada a Morris, Marshall, Faulkner & Co., especializada em mobiliário e decoração em geral: papel de parede, vidros, pratas, tapeçarias etc. O sucesso da empresa pode ser aferido pela sua ampla produção.

Dissolvida precocemente, em 1874, deixa sua marca, seja nos padrões de Morris para papéis de parede (Pimpernel, 1876) e naqueles idealizados por A.H. Mackmurdo - The Cromer Bird, 1884; seja nos trabalhos gráficos de Walter Crane, pioneiro da edição popular.

Crane e Burne-Jones ilustram diversos livros para a Kelmscott Press, editora fundada em 1890 por Morris.

Em 1871, a Guilda de S. Jorge, planeada por Morris, representa outra tentativa de conjugar o ensino de arte e uma nova forma de organização do trabalho. Tal experiência frutifica outras, como a Art Worker’s Guild e a Guild and School of Handicraft (1888).

Arts and Crafts Exhibition Society

Ainda em 1888, a Arts and Crafts Exhibition Society mostra trabalhos de vários adeptos do movimento.

Além de Morris e Crane, estão presentes na exposição o arquitecto e designer Charles Robert Ashbee (1863 - 1942), responsável por diversas residências da época, pela criação de jóias e por publicações da Essex House Press, inspirada na Kelmscott Press; o arquitecto e designer Charles F. Annesley Voysey (1857 - 1941), célebre pelas suas casas simples e modestas, pelos seus têxteis e papéis de parede; o arquitecto e estudioso de técnicas medievais de construção William Richard Lethaby (1857 - 1931), entre outros.

Craftsmanship

Os protagonistas do movimento promoviam uma integração entre projecto e execução, uma relação mais igualitária e democrática entre os trabalhadores envolvidos na produção, e uma manutenção de padrões elevados em termos de qualidade de materiais e de acabamento, ideais estes que podem ser resumidos pela palavra craftsmanship, a qual expressa

  • um alto grau de pericia na execução e no acabamento artesanal
  • um profundo conhecimento do ofício.

Morris e o movimento Arts and Crafts inspiraram o Deutscher Werkbund e as Wiener Werkstätten.

Página actualizada em 02. 2011

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