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Contraste na grossura de traços

Existem várias investigações empíricas sobre a influência do contraste na grossura de traços – alternância de traços finos e grossos – na legibilidade.

Um extremo contraste entre traços finos e grossos (como típicos duma Bodoni ou de uma Didot) deve ser evitado em textos corridos.

A grossura ideal do traço das letras eleitas para um corpo de texto deve de ser, mais ou menos, 18% da largura ou altura total das mesmas [Rolf F. Rehe, Typography: how to make it most legible.]

Tinker considera que um incremento de contraste não melhora automaticamente a legibilidade; pelo contrário, alguns traços mais finos podem diminui-la.

Entre os peritos de tipografia, as opiniões variam: Kurt Weidemann escreve que um contraste forte dá como resultado uma aparência tipográfica incoerente e reduz o reconhecimento das características distintivas das letras [Weidemann, Kurt. Biblica – designing a new typeface for the Bible. Baseline, 6 (1985), pp. 7-11].

Assim, a sua fonte ITC Weidemann apresenta um contraste fraco – talvez um pouco fraco demais. Kurt Weidemann, no mencionado ensaio resume eloquentemente a experiência de desenhar tipos: Quando a técnica de aumentar a altura-x e a condensação dos caracteres ultrapassa um limite de segurança, a facilidade de leitura e o reconhecimento dos caracteres diminui, em vez de aumentar.

A redução de contraste foi uma das características principais de bastantes tipos utilizados em periódicos em princípios do século XX. Os traços finos (como os que podemos encontrar nos tamanhos grandes da Times) não se reproduziam bem nas máquinas da época [Lawson, Alexander. Anatomy of a typeface]; o engrossamento dos mesmos proporcionou à letra uma impressão mais forte e duradoira – que era especialmente importante para manter a legibilidade nos corpos pequenos.

Jan Tschichold e outros são da opinião que descuidar o contraste pode prejudicar a legibilidade [Jan Tschichold, Of what value is tradition in type design? Em: Typographic Opportunities in the Computer Age, editada por John Dreyfus e René Murat. Praga: Typografia, 1970, pp. 52-55].

A cor e a grossura do traço

Vários estudos efectuados mostraram não existir uma diferença clara quando comparamos a legibilidade entre caracteres de diferentes grossuras; embora os leitores prefiram os caracteres com traço mais grosso [Herbert Spencer, The visible word. Lund Humpheries, Londres, 1969].

Muitos mestres concordam que o melhor contraste de cores não é o alcançado com tinta de impressão 100% preta em papel 100% branco, mas sim utilizando papel com alguma tonalidade natural (ligeiramente pardo ou chamois, por exemplo.)

A cor de impressão de um texto corrido pode não ser 100% preta, optando-se por um cinzento bastante escuro (80% K).

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